No último dia de aulas de um ano letivo, uma menina de doze anos terá a sua última chance de se declarar para o menino do qual gosta, um colega de classe. Ela bola um plano para que ele se encontre com ela após o final das aulas, mas tudo se desenvolve da pior maneira possível, desencadeando uma terrível tragédia.
"Playground" (2016), dirigido por Bartosz M. Kowalski, é um filme polonês que mergulha profundamente nas sombras da inocência infantil, revelando a inquietante capacidade de crueldade presente desde tenra idade. Inspirado em eventos reais ocorridos nos anos 90 em Liverpool, o filme acompanha o último dia de aula de três adolescentes: Gabrysia, uma menina de 12 anos que planeja declarar seu amor a um colega; Szymek, o objeto de sua afeição; e Czarek, amigo de Szymek.
Kowalski adota uma abordagem quase documental, apresentando a rotina matinal de cada personagem com uma câmera observacional e distante, que evita julgamentos e permite ao espectador tirar suas próprias conclusões. Essa escolha estilística amplifica a sensação de realismo e iminente desconforto.
A narrativa progride de forma lenta e meticulosa, construindo uma tensão palpável que culmina em um desfecho perturbador. O plano-sequência final, estático e prolongado, força o público a confrontar a brutalidade sem artifícios cinematográficos, evocando comparações com o trabalho de Michael Haneke em "Funny Games" (1997).
"Playground" é um estudo sombrio sobre a banalidade do mal e a violência latente na juventude. Embora possa ser uma experiência desconfortável, é inegavelmente uma obra cinematográfica poderosa que desafia o espectador a refletir sobre os limites da inocência e a natureza humana.