Em uma pequena comunidade da Lapónia finlandesa, Milka, uma inocente garota de 14 anos, vive atualmente com sua mãe e passa seus dias sentindo a falta de seu pai morto, e reza a Deus para lhe mostrar o que é o amor. Para a produção de feno, elas empregam uma camponês simples e trabalhador, que acaba se tornando o homem da casa. O problema começa quando ele passa a cortejar a mãe e a filha.
"Milka – elokuva tabuista" (1980), dirigido por Rauni Mollberg, é um retrato cru e desafiador da vida em uma comunidade rural na Finlândia. Baseado no romance de Timo K. Mukka, o filme explora os dilemas da juventude, a descoberta emocional e os desafios de uma sociedade moldada por normas religiosas e sociais rígidas.
A narrativa gira em torno de Milka (interpretada com autenticidade por Irma Huntus), uma jovem que vive com sua mãe em uma vila isolada na Lapônia finlandesa. A chegada de Ojanen, um trabalhador rural enigmático, abala o equilíbrio emocional de Milka e desencadeia uma jornada de autodescoberta marcada por sentimentos confusos de desejo, inocência e poder. A relação entre Milka e Ojanen simboliza a tensão entre liberdade e controle, um tema recorrente em culturas conservadoras.
A cinematografia de Markku Lehmuskallio é um dos pontos altos do filme. A natureza gélida e solitária da Lapônia é capturada de forma impressionante, funcionando como um reflexo das emoções reprimidas dos personagens. A direção de Mollberg é cuidadosa ao equilibrar o tom sombrio com momentos de contemplação, permitindo que o espectador sinta o peso emocional da história sem recorrer a exageros dramáticos.
Irma Huntus entrega uma atuação notável para uma atriz estreante. Sua interpretação de Milka é sutil, transmitindo fragilidade e força em igual medida. O personagem de Ojanen, por outro lado, é interpretado de maneira enigmática e ambígua, criando um contraste interessante com a inocência de Milka.
O roteiro é corajoso ao abordar temas complexos, como a dinâmica de poder entre gêneros, os desafios da juventude e a hipocrisia social. Mollberg adota um estilo narrativo contemplativo, com poucos diálogos e longos silêncios, permitindo que as emoções dos personagens sejam transmitidas mais pelos olhares e gestos do que pelas palavras.
No entanto, o ritmo lento e a atmosfera sombria podem ser desafiadores para alguns espectadores. A ausência de trilha sonora em muitos momentos reforça a sensação de isolamento, o que intensifica o impacto emocional, mas também pode dificultar a conexão imediata com o público.
"Milka – elokuva tabuista" é, sem dúvida, um filme que provoca reflexão. Ele explora a vulnerabilidade e a descoberta emocional com uma honestidade desconfortável, oferecendo uma visão crua das limitações impostas por uma sociedade fechada. É um filme que desafia o espectador a confrontar suas próprias percepções sobre poder, inocência e amadurecimento.
Avaliação: 8/10
Pontos Fortes: Fotografia marcante, interpretação autêntica de Irma Huntus, abordagem sincera de temas complexos.
Pontos Fracos: Ritmo lento, atmosfera sombria, dificuldade de conexão emocional imediata.